quinta-feira, 31 de julho de 2008

Culinária Portuguesa no Brasil

Entre as diversas novidades que chegaram com Dom João, estavam as inovações culinárias. Essas também influirão na própria indústria brasileira, já que com a fuga da corte foi permitida a plantação de olivas para fabricar o azeite. Antes, esse privilégio era apenas de Portugal, grande exportador de azeite de oliva, que não queria concorrência das colônias.
Dom João trouxe um cozinheiro de Portugal, José da Cruz Avarenga, e dizia que só ele sabia preparar frangos do jeito que o rei gostava. O frango sempre foi uma paixão da família Bragança, e boatos dizem que o monarca comia seis aves por dia: três no almoço e três na merenda. Porém, nem só de frango vivia o rei. Ele também apreciava carnes bovina e suína, assim como arroz e chouriço.
Durante os 13 anos que esteve no Brasil, Dom João só chorou duas vezes: a primeira no enterro de sua mãe, Dona Maria I, e a segunda ao voltar para Lisboa, quando teve que se despedir da cozinheira que preparava sua comida todos dos dias. Porém, o último choro não pode ser comprovado.
A princesa Carlota Joaquina era exigente quanto sua comida. Gostava muito do palmito e da cachaça brasileira, e documentos registraram que ela sempre pedia "mercadorias finas", como amêndoas e damasco. Além disso, Carlota trouxe o gosto pelo chocolate ao Brasil.
A história culinária de Portugal está profundamente ligada aos doces. As receitas eram feitas desde muito antes de conhecerem o açúcar pelos árabes. Para cada momento na vida, tinham um doce especial. A fabricação de doces no Brasil teve muita influência portuguesa, principalmente quando a família real veio para cá. Entre os antigos doces que sobreviveram até os dias de hoje, com pouquíssimas alterações na receita original, estão o manjar-branco e o pão-de-ló.

Fonte bibliográfica do post:
Revista Gula. Edição Histórica: 200 anos da vinda da família real, ano 15 número 188. Páginas 170 a 180, 198 e 199. Editora Peixes.

Livro e Filme


A maioria das pessoas indicaria, como livro sobre a vinda da família real, 1808, de Laurentino Gomes. Para fugir um pouco disso, indico outro, tão bom quanto o anterior. Se chama D. João Carioca: A Corte Portuguesa Chega ao Brasil (1808-1821). O livro fala sobre o assunto de uma forma totalmente nova: em forma de história em quadrinhos. A história começa com as primeiras recomendações que Napoleão faz a Dom João, alertando sobre o perigo de ter seu país invadido.
Com os desenhos, fica muito mais fácil imaginar as cenas da época, como a cidade de Salvador, e as reações das pessoas envolvidas nessa aventura. Foi escrito por Lilia Moritz Schawrcz, professora do departamento de antropologia da Universidade de São Paulo, e tem vários outros livro publicados, como As barbas do Imperador - D. Pedro II, um monarca nos trópicos. O responsável pelos desenhos e parte da pesquisa é João Spacca de Oliveira, mais conhecido como Spacca, cartunista que já trabalhou para a Folha de São Paulo e ilustrou vários outros livros, inclusive dois que ele mesmo escreveu (Santô e o País da Aviação e Debret em Viagem Histórica e Quadrinhesca ao Brasil). O livro custa R$ 30,00 e é da Cia. das Letras.

Outra dica interessante é o filme brasileiro Carlota Joaquina - Princesa do Brasil, dirigido por Carla Camurati e com Marieta Severo (Carlota) e Marco Nanini (D. João IV). Este filme mostra com humor o contexto histórico e a vida da Princesa no Brasil.

A Viagem

Com a ameaça de Napoleão Bonaparte de invadir Portugal caso esse não se juntasse ao Bloqueio Continental, um antigo plano português começou a ser avaliado. A família real portuguesa deveria fugir para uma de suas colônias, escoltada pela Inglaterra. No dia 24 de novembro de 1807, chegou às mãos de Dom João um jornal francês, com a seguinte notícia: A Casa de Bragança Cessou de Reinar. Com medo de enfrentar os soldados do general Junot, Dom João decide vir para o Brasil.
A saída da família real portuguesa aconteceu na manhã do dia 29 de novembro de 1808, uma manhã ensolarada. Os portugueses que moravam em Lisboa foram assistir a partida, muitos surpresos por terem sido abandonados. Se tal fuga tivesse ocorrido nos dias de hoje, as pessoas logo elegeriam outras pessoas para presidente, governadores e demais cargos políticos. Porém, dois séculos atrás e num país atrasado como Portugal, ser abandonado pela corte era quase como ser abandonado pelos próprios pais. Quando estava na carruagem (não a Real, para disfarçar a fuga), que ia rápido pelas ruas de Lisboa, a Rainha Dona Maria I falou a seguinte frase: "Não corram tanto. Vão pensar que estamos fugindo".
Para não correr muitos riscos, caso os navios fossem atacados por Napoleão ou naufragassem, a família real viajou separada. Porém, os dois herdeiros diretos do trono português, Dom Pedro e Dom Miguel, viajaram com o pai e a avó na nau Príncipe Real. Essa decisão era muito arriscada, porque se algo desse errado, três gerações seriam perdidas. Carlota Joaquina viajou com quatro de suas filhas (Maria Teresa, Maria Isabel, Maria de Assunção e Ana de Jesus) no barco Alfonso de Albuquerque. As outras duas foram no Rainha de Portugal.
Durante a viagem, todos passaram por problemas. Faltavam coisas essenciais em alguns barcos, principalmente os portugueses, como água e lenha. Alguns barcos portugueses foram "reprovados", por não estarem em condições de realizar uma viagem tão longa. Mesmo assim, alguns que seguiram tiveram de passar por reparos ao longo da viagem.
Os tripulantes também passaram por problemas. No navio onde estava Carlota Joaquina, um surto de piolhos atacou quem estava a bordo, inclusive a princesa. As damas tiveram suas cabeças raspadas e tratadas com um pó antisséptico e banha de porco, e suas perucas foram jogadas no mar. Para não desembarcarem carecas, elas usaram turbantes ao chegar ao Brasil, e as brasileiras logo aderiram à idéia, achando que fosse moda na Europa.

Bibliografia do post:
- Revista Desvendando a História Especial, ano 1 número 3, Editora Escala Educacional. Página 30.
- Gomes, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil / Laurentino Gomes. -- São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007
- Schwarcz, Lilia Moritz; Spacca. D. João Carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821) -- São Paulo, Companhia das Letras.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Personagens Ilustres, parte 2

Dona Carlota Joaquina:
Nasceu em Aranjuez, na Espanha, em 25 de abril de 1775. O seu casamento com dom João significava, principalmente, um reforço na aliança ibérica. Porém, Carlota Joaquina jamais assumiu o papel de rainha de Portugal por não conseguir esquecer suas origens.
Era extremamente ambiciosa, e sempre procurava intervir nas decisões do marido. Sua ambição ganhou fama quando dom João retornou para Portugal. Como seu filho predilheto era dom Miguel, ela o apoiou quando o mesmo tentou conquistar o trono português.
Boatos dizem que Carlota Joaquina traía Dom João, como mostra o filme brasileiro Carlota Joaquina: Princesa do Brasil, e que nem todos os filhos eram do futuro rei. Os amantes dela recebiam títulos do próprio rei.

Napoleão Bonaparte
Nasceu em 15 de agosto de 1769, em Ajaccio, na Córsega. Com apenas 27 anos já era General, respeitado pelo povo francês e por seus soldados. Obteve grandes vitórias em batalhas na Europa e conquistou grande parte do território europeu. Estudiosos atribuem essas vitorias à grande capacidade de estratégia de Napoleão.
Casou-se com Josefina de Beauharnais em 1796, mas, como Carlota Joaquina, nunca foi muito fiel. Após se divorciar de Josefina, casou com Maria Luísa de Aústria com quem teve um filho chamado Napoleão II da França.
Na busca pela derrota dos ingleses, Napoleão decretou o Bloqueio Continental ao país em 1806. Quando o Imperador tentou convencer Portugal a aderir ao bloqueio, encontrou um grande problema, pois os portugueses eram grandes aliados da Inglaterra. Por fim, mandou as tropas do General Junot invadirem Lisboa, o que ocorreu logo depois da saída da família real. Os soldados chegaram tão cansados que alguns historiadores afirmam que, se Dom João tivesse permanecido em Portugal, poderia ter vencido os franceses.
A decadência de Napoleão mostrou-se na tentativa de invadir a Rússia, em 1812. Os russos usaram a Tática da Terra Arrasada, que constitui em destruir qualquer coisa que possa ajudar os inimigos, como as plantações. Isso, mais o rigoroso inverno da Rússia, dizimou o exército francês.
Enquanto isso, na França, quem estava descontente com o governo aproveitou a ausência do Imperador para dar um golpe de Estado, mas não obtiveram sucesso imediato. Em 1814, Napoleão é obrigado a se exilar na Ilha de Elba, mas foge de lá para reconquistar a França. Novamente derrotado, ele se exila na Ilha de Santa Helena, onde morre em 5 de maio de 1821.


Fontes Bibliográficas das duas postagens:
Revista Desvendando a História Especial, ano 1 número 3, Editora Escala Educacional. Páginas 8 a 12.
Napoleão Bonaparte na Wikipédia (visto no dia 28/07/2008)

Personagens Ilustres, 1ª Parte

Muitas pessoas fizeram parte da mudança da Família Real para a sua maior colônia. Porém, alguns merecem um destaque maior do que os outros:

Dona Maria I de Portugal:

Mãe de Dom João IV, nasceu no dia 17 de dezembro de 1734, em Lisboa com o nome de Maria Francisca Isabel Josefa Antônio Gertrudes Rita Joana. Desde pequena, a 26ª rainha de Portugal mostrava uma inteligência extraordinária e um grande talento para a música e sabia ler português e espanhol aos 4 anos e, aos cinco, já aprendia latim.
Dona Maria era muito religiosa, fato que criou seu cognome "A Piedosa". Esse fanatismo ocasionou a morte de seu filho José Francisco, em 1788, vítima da varíola. A mãe não permitiu que aplicassem a vacina no rapaz por "escrúpulos religiosos".
Quando assumiu o trono, em 24 de março de 1777, dona Maria I cercou-se de bons conselheiros e destituiu o marquês de Pombal que, apesar de ter sido um bom ministro de dom José e de ter colaborado na reforma após o terremoto que atingiu o país em 1775, nunca esteve nas boas graças da rainha.
Apesar da soberana ter liderado o destino de sua nação e de seu reinado ter sido marcado por obras na cultura e urbanismo de Portugal, após vinte anos de reinado a rainha começou a apresentar sinais de loucura. Um dos exemplos disso é que, quando assaltaram uma igreja em Lisboa, dona Maria declarou nove dias de luto nacional.
Assim, depois de vários fatos semelhantes, a rainha teve que aceitar que seu filho assumisse o trono em 10 de fevereiro de 1792.

Dom João IV de Portugal:
Nasceu em 13 de maio de 1767, em Lisboa. João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança não foi o primogênito, mas acabou assumindo o trono por causa da morte de seus três irmãos (dois morreram ainda bebês e o outro morreu de varíola). Casou-se em 1785 com Carlota Joaquina de Bourbon, que tinha apenas dez anos na época. Dessa união nasceram seis filhas e três filhos.
Sabe-se que dom João era medroso e adiava o máximo possível as suas decisões. Isso ocorreu, principalmente, quando Napoleão "convidou" Portugal para se juntar ao Bloqueio Continental à Inglaterra, grande aliada dos portugueses no comércio. A maoir decisão que teve que tomar na sua vida foi a vinda da corte para o Brasil. Na partida, ele retirou toda a fortuna dos cofres portugueses, fato que se repetiria quando retornasse a Portugal.